12 de out. de 2021

Como EDUCAR uma criança feminista!

Desenho de uma menina segurando uma bola e um menino com uma bacia na mão e avental.




Hoje é o Dia das Crianças, mais do que uma data onde nossas filhas e filhos ganham presentes por se tratar de uma data comercial, que seja um dia para refletirmos de como podemos educá-los para um futuro onde crianças entendam os valores da igualdade.

Meu primogênito tem oito anos e sempre fui uma mãe de conversar sobre tudo que a idade dele permite, como ele acompanha desde muito pequeno o meu trabalho sobre violência, mulheres com deficiência e ativismo feminista.

Ele sempre esteve ligado diretamente a estes assuntos e sempre me fez perguntas, o porque eu não caminho, porque os homens agridem as mulheres, porque não pode gritar com as pessoas, porque meu colega me bateu e os porquês sempre fizeram parte desta construção de mãe e filho.

Agora com a irmã ainda bebê, os porquês continuam e juntos vamos construindo o homem de amanhã com uma perspectiva feminista.

Meu filho sempre foi muito questionado por ter pais com algum tipo de deficiência, já ouvimos cada besteira mas ele sempre lidou com a tranquilidade que ensinei a ele.

Uma criança ouvir de um adulto que ele veio ao mundo para cuidar dos pais é a coisa mais capacitista que se possa ouvir.

Lembro de uma vez ele responder dizendo, que era a mãe que cuidava dele e não ele de mim.

E me questionar como assim mãe????

Como é possível perceber, criar os filhos longe de todo tipo de sexismo e capacitismo é uma missão impossível, uma vez que ele ainda está impregnado na sociedade e se manifestando livremente, seja na internet, TV ou mesmo nas famílias e demais pessoas.

Nesse dia de hoje quero deixar algumas frases do livro “ Para educar crianças feministas” da escritora Chimamanda Ngozi Adichie.

No seu livro que é uma carta para uma amiga que acaba de se tornar mãe de um menina, ela traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães.

Quando os pais entendem que podem educar seus filhos(as) com uma perspectiva feminista, e que está educação não é papel somente da mãe mas dos dois, cria-se um importante exemplo que educar é responsabilidade de ambos.

O pai também tem papel fundamental nesta educação, devendo mostrar que o respeito as mulheres é essencial, que elas não são objetos, que o homem pode ser frágil, pode demonstrar fraquezas, pode sentir e chorar. Ele também deve realizar as tarefas de casa, dividindo as responsabilidades e mostrando que lugar de homem também é no fogão, pia, lavanderia, etc.

Desconstruir os papéis sexistas é o primeiro passo para uma educação mais igualitária, convido você que é mãe e pai e buscar esta educação para suas filhas e filhos. 
Mas não podemos esquecer que esta educação deve acontecer em um ambiente tranquilo e livre de uma educação violenta, e é dever dos pais garantirem isso.

26 frases de Para Educar Crianças Feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie
  1.  Nossa premissa feminista é: eu tenho valor. […] A segunda ferramenta é uma pergunta: a gente pode inverter X e ter os mesmos resultados? (p. 12)
  2.  Seja uma pessoa completa. A maternidade é uma dádiva maravilhosa, mas não seja definida apenas pela maternidade. Seja uma pessoa completa. (p. 14)
  3. Por favor, não acredite na ideia de que maternidade e trabalho são mutuamente excludentes. (p. 16)
  4. Façam juntos. […] Às vezes, as mães, tão condicionadas a ser tudo e a fazer tudo, são cúmplices na redução do papel dos pais. (p. 18)
  5. Ao dizermos que os pais estão “ajudando”, o que sugerimos é que cuidar dos filhos é um território materno, onde os pais se aventuram corajosamente a entrar. Não é. (p. 20)
  6. Ensine a ela que “papéis de gênero” são totalmente absurdos. Nunca lhe diga para fazer ou deixar de fazer alguma coisa “porque você é menina”. “Porque você é menina” nunca é razão para nada. Jamais. (p. 21)
  7. Se não empregarmos a camisa de força do gênero nas crianças pequenas, daremos a elas espaço para alcançar todo o seu potencial. (p. 26)
  8. Cuidado com o perigo do Feminismo Leve.[…] Ou você acredita na plena igualdade entre homens e mulheres, ou não. (p. 29)
  9. Uma triste verdade: nosso mundo está cheio de homens e mulheres que não gostam de mulheres poderosas. (p. 33)
  10. Ensine-a a ler. […] Os livros vão ajudá-la a entender e questionar o mundo, vão ajudá-la a se expressar, vão ajudá-la em tudo o que ela quiser ser. (p. 34)
  11. Ensine-a a questionar a linguagem. A linguagem é o repositório de nossos preconceitos, de nossas crenças, de nossos pressupostos. (p. 35)
  12. Tente não usar demais palavras como “misoginia” e “patriarcado” […]. Nós, feministas, às vezes usamos muitos jargões, e o jargão pode ser abstrato demais. Não se limite a rotular alguma coisa de misógina – explique a ela por que aquilo é misógino e como poderia deixar de ser. (p. 36)
  13. Nunca fale do casamento como uma realização. […] Um casamento pode ser feliz ou infeliz, mas não é uma realização. Condicionamos as meninas a aspirarem ao matrimônio e não fazemos o mesmo com os meninos. (p. 40)
  14. Quantos homens você acha que se disporiam a mudar de sobrenome ao se casar? (p. 45)
  15. Ensine-a a não se preocupar em agradar. […] a questão é ser ela mesma, em sua plena personalidade, honesta e consciente da igualdade humana das outras pessoas. (p. 48)
  16. Temos um mundo cheio de mulheres que não conseguem respirar livremente porque estão condicionadas demais a assumir formas que agradem aos outros. (p. 49)
  17. Dê a ela um senso de identidade. […] Esteja atenta também em lhe mostrar a constante beleza e a capacidade de resistência dos africanos e dos negros. (p. 52)
  18. Esteja atenta às atividades e à aparência dela. […] Não pense que criá-la como feminista significa obrigá-la a rejeitar a feminilidade. (p. 54 – 55)
  19. Nunca, jamais associe a aparência […] à moral. Nunca lhe diga que uma saia curta é “indecente”. (p. 56)
  20. Ensine-a a questionar o uso seletivo da biologia como “razão” para normas sociais em nossa cultura. (p. 61)
  21. Converse com ela sobre sexo, e desde cedo. Provavelmente será um pouco constrangedor, mas é necessário. (p.64)
  22. Diga-lhe que o corpo dela pertence a ela e somente a ela, e que nunca deve sentir a necessidade de dizer “sim” a algo que não quer ou a algo que se sente pressionada a fazer. (p. 65)
  23. E, por falar em vergonha, nunca associe sexualidade e vergonha. Ou nudez e vergonha. Nunca transforme a “virgindade” em foco central. (p. 68)
  24. Ensine-lhe que NÃO é papel do homem prover. Num relacionamento sadio, prover é papel de quem tem condições de prover. (p. 74)
  25. Ao lhe ensinar opressão, tome cuidado para não transformar os oprimidos em santos. A santidade não é pré-requisito da dignidade. Pessoas más e desonestas continuam seres humanos e continuam a merecer dignidade. (p. 74)
  26. Ensine-lhe sobre a diferença. Torne a diferença algo comum. Torne a diferença normal. […] Ao lhe ensinar sobre a diferença, você a prepara para sobreviver num mundo diversificado. 
Ela precisa saber e entender que as pessoas percorrem caminhos diferentes no mundo e que esses caminhos, desde que não prejudiquem as outras pessoas, são válidos e ela deve respeitá-los (p. 76 – 77) 

UM AMBIENTE VIOLENTO JAMAIS FUNCIONARA PARA UMA EDUCAÇÃO FEMINISTA! Carol Santos.

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