14 de dez. de 2017

Pai deixo minhas palavras.

A palavra pai estra escrita em letras maiúscula, cada letra é preenchida com a palavra pai em tons de negrito.

Era dia 14 de novembro de 2017, neste dia minha irmã me convidou para ir ao hospital ver meu pai, mas a dor estava tão forte que quase nem conseguia ficar na cadeira e no dia seguinte era seu aniversário, então preferi ficar em casa.
As barreiras de acesso não me permitiram ficar perto de meu pai desde que o câncer começou a trazer muito sofrimento para ele, e isso foi tão difícil durante esse período que sofreu tanto, dores insuportáveis em todo corpo, choro e gritos pois a doença avançava cada vez mais e eu distante sem nada poder fazer.
Finalmente ele resolveu sair do lugar onde morava pois estava totalmente abandonado naquele lugar, não tinha apoio dos meus irmãos para irem lá e ajuda-lo no que fosse preciso, lembro dele dizer que já estava desistindo de viver, mas as coisas melhoraram a ida dele para a casa da minha tia, possibilitou ele estar perto delas para ajudarem ele, meu primo levava ele para o hospital sempre que preciso e sempre acompanhado da Rosangela que permaneceu firme até o final de seu sofrimento.
Sim ele continuava longe de mim mas agora com várias pessoas ao seu lado que proporcionaram para ele momentos felizes que amenizavam sua dor, o Lincon seu filho menor já estava na escola e as coisas iam conforme o ciclo da vida.
Mas o câncer foi muito traiçoeiro e debilitou ele de uma maneira horrível, ele emagreceu ficando com 46 quilos, a dor cada vez mais se tornava insuportável até que a fase de ele ir para o hospital se iniciou, os médicos diziam que não tinham mais o que fazer.
As doses de morfina aumentavam mais e mais fazendo com que ele só dormisse o tempo todo e assim no hospital foi semana, no começo ele ainda falava com a gente e falava que agora estar ali era o final de tudo e que estava cansado de relutar, sempre que eu conseguia ir no hospital que também era totalmente inacessível ia de táxi ou de carro e a cada visita o estado dele piorava.
Minha mãe foi visita-lo e ele estava dormindo, ela chegou gritando para acordar ele e quando percebeu que era ela levou um susto e começou a gritar, nos apavoramos e pedimos para ele se acalmar.
Mais calmo ela começou a conversar com ele, pois ele já não queria mais comer mas sentia muita sede, aquela cena para mim ficara guardada na minha memoria depois de tudo que aconteceu nesta relação eles estavam ali, neste dia ele sorriu e tomou muita aguá e percebi que ele ficou feliz de nos ver ali.
Os poucos dias passaram eu continuava com a dor cada vez pior pois ao ficar nervosa desenvolvi o grau da intensidade da dor, via apenas meus primos o tempo todo com ele 24 horas por dia e mais ninguém estava disposto AJUDAR, sim eu queria fazer algo para que meus primos pudessem descansar um pouco, mas eles não permitiram por saberem da minha condição naquele momento, em casa eu entrava em desespero por não ter como ajudar e amenizar o cansaço para a Rosângela, Jaqueline e o Patricio.
Era um sofrimento horrível acompanhado de dor e muita culpa por não andar e com isso a dor aumentava mais e mais os remédios já não me ajudavam a aliviar a dor e assim segui por longas semanas.
Foram os três que estiveram ao lado dele o tempo todo, sim fazendo o que os filhos deveriam fazer mas não fizeram naquele momento.
Era madrugada do dia 14 meu telefone toca várias vezes, eu não queria atender pois sabia o por que daquela ligação, meu primo ligando desesperado para me avisar, finalmente crio coragem para atender e ouvir que meu pai tinha descansado, levanto da cama tonta e em lágrimas mas naquele momento senti um sentimento de alivio que não sei explicar, parecia que toda aquele sofrimento que eu tive mais de um ano saia de dentro de mim, a culpa por não andar, por não ter como ajudar e querer ajudar tudo estes sentimentos naquele momento saíram de mim.
Fiquei como se nada tivesse acontecido o Helio veio ficar comigo, mas eu estava calma diferente do que foi todo esse tempo de seu sofrimento que me causou dor também.
Finalmente meu pai ia poder descansar e o sofrimento dele e de todas(os) tinha acabado com sua partida que espero que tinha sido para seu descanso eterno.
Resolvi não ir no enterro por muitos motivos pois eu também não teria acesso neste local pois ele foi enterrado onde minha vó já estava e foi muito difícil para mim eu ter que ser carregada por várias pessoas por fora do cemitério enquanto todos faziam o cortejo até o tumulo, aquilo eu nunca foi esquecer pois nem chegar perto do tumulo eu tive como, então eu não queria mais mais vez me senti excluída.
Queria também a imagem do meu pai quando voltou a nós procurar, ele ajoelhado na minha cama dizendo agora já era estou aqui não adianta mais.
Neste dia toda a magoa que eu tinha dele ficou de lado pois daquele momento começaríamos uma nova fase em nossas vidas, esta fase durou pouco mas foi inesquecível para mim, pudemos nos poucos encontros ser filha e pai.
Este homem me educou, me criou e nutriu por mim um sentimento puro de pai, claro queria que muita coisa fosse diferente mas a vida não nos permitiu.
Sou grata a você pai por tudo que vivemos nesta vida.
Agradeço do fundo do meu coração a minha tia Clair, as primas Rosângela e Jaqueline tudo que vocês fizerem por ele e continuam fazendo para seu filho.
Meu agradecimento especial a você Rosângela por tudo que fez  e viveu com ele, gratidão por ele ter tido você ao lado dele todo esse ciclo de sua vida.
Descansa em paz pai!




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Saudações Feministas.

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