11 de ago. de 2020

Sou cadeirante e fui chamada de louca por querer exercer meu direito à maternidade.

Estou sentada na cadeira de rodas, com as mãos na barriga e olhando para ela.

Mais uma matéria sobre minha história de vida publicada no HuffPost no mês das mães.

Matéria completa:

https://m.huffpostbrasil.com/entry/carolina-santos_br_5ecf2809c5b606ab5d0513ab?utm_hp_ref=br-homepage&ncid=other_homepage_tiwdkz83gze&utm_campaign=mw_entry_recirc

"Eu tinha 17 anos de idade quando sofri uma das piores violações de direitos humanos, a tentativa de feminicídio. Um tiro pelas costas interrompeu todos os meus planos de um amanhã.

Minha primeira barreira não foi o sofrimento por saber que não andaria mais, mas foi aceitar usar uma cadeira de rodas. Ainda lembro quando acordei com vontade de cozinhar um arroz com linguiça — sempre gostei de cozinhar. Algo simples, mas que se tornava um desafio. Ficar sentada em uma cadeira de rodas sem equilíbrio e com muita falta de ar... O arroz teve que ser finalizado por minha mãe, que sempre esteve ao meu lado.

O tempo foi passando e eu carregando as lembranças de ter perdido naquele mesmo dia a pessoa que eu amava. Talvez a perda viesse acompanhada das mudanças e marcas, feridas, manchas no rosto, corpo — 10kg mais magra, xixi e cocô na fralda faziam parte dessa realidade e história de vida.

Já não me sentia mais mulher e nem desejada. Quem ia querer alguém naquelas condições físicas e fisiológicas? Eu já me via como um corpo imperfeito em todos os sentidos... Ter prazer ou dar prazer já não fazia parte dessa condição. Esse momento na minha vida era o que todas as mulheres como eu enfrentam ao não estar nos padrões impostos pela sociedade."

Via: HuffPost

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Saudações Feministas.

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