Imagem relógio de corrente e ao lado borboleta voando. |
Levei semanas para escrever este texto pois ele é uma reflexão e situação que estou vivendo no momento na minha vida.
Talvez eu me perca na escrita, talvez eu abandone o texto, talvez eu fique em lágrimas mas é preciso escrever.
Desde que me tornei cadeirante meu pai e minha mãe tentaram reatar a relação para também me darem força pra continuar a nova vida, mas não dei certo e nem teria uma relação fracassada e com muitas magoas não poderia continuar por coisa de mim.
E eu sabia que minha mãe ficaria infeliz com tudo isso e optei por não permitir essa volta, depois disso meu pai conheceu uma mulher, casou com ela, teve um filho e acabamos nos afastante pois ela não queria as filhas(os) dele na casa dela, olha só casa dela não, casa o meu pai pois ele já tinha este bem, antes de conhece-la porque minha mãe deixou pra ela na separação. mas tudo bem ele permitiu este afastamento dos filhos e assim os anos foram passando.
As vezes quando eu tinha o numero dele eu ligava, dia dos pais ligava, chorava, colocava música pra ele ouvir, quando eu não tinha seu numero eu dava um jeito de descobrir e ligar, mas nos afastamos mais ainda depois da morte da minha vó, ela mulher que ele havia escolhido para estar ao lado dele, não deu apoio a minha vó quando ela mais precisou, minha vó morreu por que queria morrer e não aguentava mais tanto sofrimento.
Sofri durante anos e o afastamento só aumentava, fui me reaproximar dele novamente depois que o Roberth nasceu, lembro que o Hélio me ajudou a ter essa coragem de ir levar nosso filho para o vô conhecer, e fomos lá apresentar o neto a ele com minha irmã.
Quando meu pai no viu não sabia o que fazer pois ela gritava que não queria a gente ali, meu pai disse que íamos entrar e assim foi, a visita foi estranha, já não eramos mais pai e filhas, enquanto falamos com ele a companheira dele estava trancada no quarto para não nos ver, foi algo horrível.
Meu pai não tinha assunto e logo fomos embora chateadas com a recepção e a falta de convívio familiar, o tempo passou os netos iam crescendo e a distância nos acompanhando, até que um dia minha irmã me convidou para ir lá novamente, eu disse que não queria ir em um lugar que não era bem vinda mas ela insistiu e fomos, claro não fomos direto na casa dele pois ele poderia não estar e não queríamos ser recebida por ela.
Procuramos ele na volta e os encontramos na pracinha onde sempre jogou bola, ele veio até nos e dissemos que queríamos ir na casa dele, na hora pediu que não fossemos porque a mulher dele ia ficar grava, ficamos na rua conversando com ele, e decidimos ir embora e prometemos nunca mais ir lá.
O tempo passou eles se separaram, meu pai sofreu e muito com tudo isso, ele retomou seu tratamento no olho pois a anos estava com uma doença grave até que descobriu que estava com câncer no olho, teve um susto e tudo isso a gente sabia pelos outros estávamos afastado e não queríamos mais saber dele, saber que um pai não queria suas filhas(os) doeu e bastante em nós.
Eu particularmente não queria ver meu pai nem pintado de ouro na minha frente, ele começou a perguntar por nós, se aproximou da minha mãe depois de muitos anos afastados.
Um domingo ele vai na casa da minha irmã que mesmo com tanta mágoa o recebeu com carinho, ela liga pra minha mãe que estava aqui em casa e ele pede pra falar comigo e digo que não quero falar com ele, o dia passa a tarde me deito com o Roberth e sou acordada com meu pai do lado da minha cama, me da um beijo e me diz:Eu sei que tu esta magoada mas eu estou aqui, claro não sou uma pessoa ruim e naquela hora parece que tudo tinha ficado pra trás, levantei fiz um café, pude ver meu pai e minha mãe conversando como duas pessoa civilizadas, ele pode rever o neto dele e passar o final de tarde com a gente.
O tempo passou nos aproximamos novamente, meu pai se operou pra retirar o olho que estava tomado de câncer, achamos que era só isso mas veio a noticia que não queríamos que o câncer era um dos mais severos e nem tratamento mais adiantava.
Foi um choque pra mim saber que meu pai tinha um câncer que nem tratamento poderia mais fazer, meu pai fez radioterapia pra amenizar um pouco as coisas, mas meu sofrimento estava apenas no começo.
Já não bastasse o sofrimento de saber que já não tem mais nada pra se fazer o que me causou uma dor enorme pois não quero que meu pai sofra e sabia que ele estava sofrendo e muito, sem ter como trabalhar, eu, minha mãe e irmã tendo que nos virar virar para poder ajuda-lo.
Eu sem ter como ir na casa dele pra ajuda-lo no que posso pois ele mora em um local que nem tem como descer com a cadeira de roda.
Me vi pressa a esta situação, me culpei por não caminhar, me culpei de não ter como ajuda-lo mais ainda, me culpei por ter irmãos que não estão nem ai.
Quantas vezes chorei me vendo pressa a esta situação e principalmente sem ter como ajuda-lo neste momento tão difícil, as vezes ligo pra ele e ouço ele disser que só esta esparrando sua hora, tento mudar de assunto e dizer que tudo vai passar.
Me pergunto porque teve se ser assim ficamos durante muitos anos longe e agora que nos aproximamos novamente o tempo será apenas o tempo e claro eu aproveito esse tempo o máximo que posso.
Sei que ele esta sofrendo e muito tanto com a dor mas principalmente por não querer ir tão jovem, me questiono o todo tempo, pois não estou preparada para isso, não quero e nem aceito, já sofri demais quando perdi a minha vó que amo muito.
Mas sei que vida é passageira demais para perdermos tempo e agradeço a Deus por ter nos dado novamente esse tempo seja ele breve ou longo eu viverei o máximo que puder ao lado do meu pai.
Farei do tempo nosso tempo para estarmos juntos nesta vida que durante anos nos afastou, não quero pensar no amanhã e sim podermos viver o hoje.
PAI TE AMO MUITO....
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Saudações Feministas.