1 de jun. de 2012

Estreia do filme "Hasta La Vista" com deficientes.

Uma das cenas do filme Hasta La Vista.

Por Neuza Barbosa


Em comédia Belga, cego e cadeirantes tentam perder a virgindade. Eles viajam para bordel na Espanha no longa dirigido por Geoffrey Enthoven.
Desafiar as boas maneiras do politicamente correto para fazer humor em cima da dificuldade de três jovens deficientes – um cego, um paraplégico e um tetraplégico – em perder a virgindade é o grande desafio vencido pela comédia belga Hasta la vista – Venha como você é, de Geoffrey Enthoven. 
Que ninguém pense que a vida do trio principal é moleza. O roteiro de Pierre de Clercq não doura a pílula, mostrando em detalhes as restrições da vida cotidiana de cada um dos três marcantes protagonistas, o tetraplégico Philip (Robrecht Vanden Thoren), o deficiente visual Jozef (Tom Audenaert) e Lars  (Gilles de Schrijver), que tem um tumor que o tornou paraplégico, alem de provocar-lhe convulsões.
Os rapazes são amigos  e têm uma boa condição financeira que lhes permite, por exemplo, cultivar o gosto por vinhos. Mas, de todo modo, vivem numa espécie de redoma, hipercuidados pelos pais, o que torna sua vida amorosa praticamente impossível, ainda mais diante dos inevitáveis preconceitos que cercam sua aceitação pelas garotas – alem de sua própria timidez para aproximar-se delas.
O mais saidinho do trio, Philip, decide que é hora de eles conhecerem o sexo, custe o que custar. E descobre que existe na Espanha um bordel moldado exatamente para atender às necessidades de pessoas especiais como eles.  
Conseguindo um motorista especializado e uma van adaptada, eles vencem a resistência de seus pais para deixá-los viajar sózinhos, o que acontece pela primeira vez na vida. Na véspera da viagem, o motorista ideal cai fora e o sonho fica ameaçado. 
Por uma série de circunstâncias, eles acabam fazendo a viagem na marra, escondidos e contando com Claude (Isabelle de Hertogh), uma motorista substituta gordinha e enfezada.
Um dos grande trunfos desta comédia delicada está em criar simpatia para seus protagonistas – inclusive Claude, que, começando na trupe sem dizer a que veio, consegue pouco a pouco impor-se no jogo, a princípio desigual, de piadinhas machistas, liderado por Philip.
De origem proletária, Claude acaba sendo também um contraponto a certas manias de mauricinhos que afetam os rapazes, o que se torna motivo para algumas situações divertidas no cotidiano.
Outro ponto de equilíbrio está no ritmo das peripécias, distribuídas ao longo do caminho. O mais difícil foi arriscar-se no desafio ao politicamente correto, inclusive na paródia que os protagonistas fazem o tempo todo das próprias deficiências e das dos outros. E aí reside o grande acerto do filme.


Veja o Trailer do filme:




Crítica de Roberto Guerra do Cineclick.
Filmes sobre rapazes afoitos por perderem a virgindade são muitos, mas nenhum como Hasta la Vista. A começar por seus protagonistas: três jovens deficientes físicos que vivem na Bélgica.

Lars sofre de câncer e está numa cadeira de rodas, Philip é tetraplégico e Josef está praticamente cego. Suas limitações, no entanto, não os impedem de empreender uma viagem quando descobrem a existência, na Espanha, de um bordel especializado em “pessoas como nós”, como define Philip.
Engraçado, divertido e sincero, em Hasta la Vista não são estereótipos que usam cadeiras de rodas ou se apoiam em bengalas. O roteiro de Pierre De Clercq constrói personagens interessantíssimos, que lidam com seus problemas como todos nós, ou seja, nem sempre da melhor maneira.
O bom enredo ganha ainda mais veracidade aos olhos do espectador graças às excelentes performances dos atores Robrecht Vanden Thoren, Tom Audenaert e Gilles De Schrijver. Numa das cenas mais belas do longa, o público descobre que nenhum dos atores sofre de qualquer limitação física, o que chega até a surpreender de tão convincente que são as atuações.
O arco dramático do filme é cadenciado e a abordagem do tema deficiência física feita com delicadeza, o que não significa condescendência. Em nenhum momento sentimos pena dos personagens nem tampouco suas limitações são tratadas como meros detalhes incapazes de impedir que tenham uma vida normal. Os estorvos do dia-a-dia limitam suas vivências, os tornam dependentes e Hasta la Vista não dissimula isso.
Merece ser destacado também o papel de apoio de Isabelle de Hertogh, que interpreta Claude, motorista e enfermeira do trio na viagem entre Bélgica e Espanha. A relação entre a personagem e os rapazes é o ponto de partida para descobrirmos idiossincrasias e como cada um deles se relaciona com a própria deficiência, inclusive Claude, vítima de uma “deficiência afetiva”, como define Josef. A convivência dos quatro cruzando a Europa numa van é também responsável pelos momentos mais divertidos do filme.
O diretor Geoffrey Enthoven conduz bem sua câmera e consegue captar o mal-estar existencial dos personagens, tanto que, ao longo da projeção, até esquecemos estar diante de atores. É como se fôssemos inseridos num breve momento da vida de pessoas reais. E não deveria ser sempre assim no cinema?
Tudo que descrevi acima faz de Hasta la Vista um filme longe das convenções do gênero. No entanto, em seu final, Enthoven comete um deslize e sucumbe à tentação de dar um tom “a vida continua” ao longa. O diretor desperdiça uma forte e emocionante cena à beira-mar, ponto ideal para o “the end”, e prolonga o filme mais alguns minutos sem a menor necessidade. Uma mancada que não tira o tesão de assistir a esse bom filme.
Fonte: G1

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