15 de fev. de 2012

Cegos aprendem a sambar na capital.

CEGOS APRENDEM A SAMBAR NA CAPITAL


Grupo de deficientes visuais desfilará no Porto Seco na segunda noite do Carnaval
Roberta Schuler | roberta.schuler@diariogaucho.com.br


Se o Carnaval privilegiasse apenas a grandeza das formas das alegorias, as cores vibrantes e o brilho das luzes, não haveria espaço para eles. Mas, como essa grande festa popular é a combinação também da vibração da música, da beleza dos gingados e da explosão de alegria, então não é difícil abrir alas para um grupo de deficientes visuais que está aprendendo a sambar.
A experiência está sendo proporcionada a 13 cegos a partir da parceria entre a escola de samba Império da Zona Norte, a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs). Quem ministra a oficina é Ana Marilda Bellos, diretora artística da Império e ex-passista, contando também com o apoio e a larga experiência do Rei Momo Fábio Verçoza.


– Este é um sonho que se realiza. Eu me formei em dança e tinha vontade de trabalhar com deficientes. É um desafio. Descobri que eles precisam sentir a minha vibração – conta Ana Marilda, que pretende dar continuidade ao trabalho.
Além da aula de ontem, o grupo visitou o barracão da escola, no Sambódromo do Porto Seco, e aprendeu a cantar o samba, impresso em braile, com a ajuda do segundo puxador da escola, Fabiano Flores. Parte do grupo deverá desfilar com a Império na noite de sábado.
– Foi maravilhosa a visita ao barracão. Como a gente não vê, nos deixaram tocar nos carros e eu senti que tudo está muito lindo. Na muamba também foi muito bom – disse Josiane França Santos, 34 anos, que perdeu a visão há quatro anos, devido a uma meningite.
O namorado de Josiane, Paulo César Valentin da Silva, 43 anos, também está pronto para a folia.
– Temos que nos empenhar no que estamos fazendo e, na avenida, é só diversão – opinou Paulo.
Iguais e diferentes
Antes do ensaio, a turma aproveitou para pegar dicas e tirar dúvidas com a segunda princesa do Carnaval de Porto Alegre, Thais Pereira de Oliveira.
– Elas queriam saber se podem ir sambando e caminhando durante o desfile : comentou Thais, que ajudou a maquiar as meninas.
Para a professora Marilena Assis, 49 anos, a aula de samba não será importante apenas no Carnaval:
– A gente que não enxerga fica com o corpo rígido, então a aula será boa também para a nossa mobilidade – revela Marilena, que deixou de enxergar por causa do glaucoma.
Fábio Verçoza lembra que no Carnaval há espaço para todos serem respeitados e queridos. E a turma provou com palmas, gestos e empolgação, que na festa de Momo iguais e diferentes podem brilhar juntos.
DIÁRIO GAÚCHO



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