A certeza da gravidez e de uma nova vida se deu desde o inicio, vi claramente que naquela hora onde um homem e uma mulher são tomados por um enorme prazer e se tornam um corpo só que eu estaria com uma nova vida dentro de mim, senti esta sensação única , coisa de Deus, e essa confirmação veio mesmo eu sabendo que estava grávida.
Foram dois anos tentando engravidar e quando eu menos esperava esse sonho se realizou quando já não acreditava mais que poderia ser mãe.
Não posso deixar de relatar aqui a experiência que tive sobre os médicos e meu pré-natal. Desde o inicio da gravidez, sem muitas informações de como seria esta nova fase na minha vida, fui ao posto de saúde para minha primeira consulta . Entrei no consultório e o médico me olhou, e com todas as palavras disse eu não tenho como te acompanhar não me sinto seguro para tal e prefiro que você seja acompanhada por algum hospital até porque sua gravidez é de alto risco. Fiquei sem palavras, sem saber o que pensar, sai da sala decidida a procurar o Hospital de Clinicas que sempre me acompanhou, e imaginei que ao chegar na ginecologia encontraria toda orientação de como seria esta etapa de minha vida. Na primeira consulta recebi a informação de que poderia ter parto normal e poder ajudar nesta hora, olhei para a médica achei que ouviria da médica que seria Cesária por ser uma mãe com lesão medular. Fui atendida por residentes, me fizeram perguntas, e logo o exame de toque( exame realizado no inicio da gravides e durante o trabalho de parto onde o médico introduz dois dedos no colo do útero para avaliar o comprimento do colo útero) mais de um vez. Achei estranho o procedimento e fui pra casa pensativa... não tive muita informação sobre como seria minha gestação, com dois mês e meio fui às pressas para o hospital com febre e muita dor. Logo que cheguei fui atendida entre exames para ver se meu filho estava bem, mas o exame de urina constatou minha primeira infecção urinária. E neste momento se iniciou uma nova etapa na minha vida, remédios, idas a emergência, dor e febre e a infecção persistia os médicos me alertavam que pela quantidade de remédios tomados eu poderia abortar, perguntava se não tinha nada menos agressivo e a resposta era não, entre as consultas do pré- natal e idas a emergência me via perdida sem orientação o medo me assombrava a cada infecção não curada, tinha medo que meu filho não aguentasse.
Foi ai que sem encontrar as respostas naqueles que achei que teria, resolvi ir em busca de minhas dúvidas pela internet. Lembro que tudo que eu queria era conversar com uma mãe cadeirante, tirar minhas dúvidas, pois sabia que teria minhas respostas. Mas não consegui.Continuei a estudar, fui descobrindo um mundo de informações. A cada consulta do pré natal, o que deveria ser um momento único era algo constrangedor, toda consulta um médico diferente que me tocava... saia das consultas com muitas dores, era carregada como um saco e por profissionais que não sabiam como me auxiliar. A falta de aparelhos adaptados me colocava nesta situação, mas entre estes transtornos sofridos finalmente descobri algo que pudesse me ajudar na infecção urinária: o suco de Crawberry. Já estava com 24 semanas e foi o que me ajudou bastante. Neste mesmo tempo tive meu primeiro contato com uma doula que leu meu depoimento em um grupo de mães e se ofereceu a me acompanhar até o final da gestação e me trouxe muita informação sobre o parto e os procedimentos usados. E assim com ela eu e o pai do Roberth juntos aprendemos muito juntos elaboramos meu plano de parto. Queria poder decidir sobre meu corpo e de como seria as coisas neste momento tão singular para nós e a cada aprendizado a certeza do parto normal.
Vinte dias antes do parto comecei a ter muita dor de cabeça. Sabia que não era normal pois meu corpo responde a algo errado. Dessa maneira relatei para os médicos, que nada me disseram, apenas ser normal. Já me sentia cansada e pesada, a gestação foi complicada, muitas dores a cada vez que meu bebê se mexia. O que era para ser uma experiência única entre nós, vê-lo se se desenvolver na minha barriga, mas eu chorava de dor. Noites e noites acordada entre lágrimas, e ele se mexia muito!
Dia 10/07/2013 acordei animada e muito disposta, diferente dos demais dias resolvi passar um batom bem vermelho e me maquiar e assim comecei a limpar a casa pois sabia que estava na etapa final e logo teria meu garoto comigo. Queria deixar tudo arrumado para recebê-lo e assim passei o dia limpando... cansada, tomei banho, jantei e resolvi ver um filme deitada, falei com o Hélio que naquele dia não veio, dei boa noite e depois de alguns minutos m senti vontade ir ao banheiro. Mas vendo não dar tempo, coloquei a mão e vi que minha bolsa tinha estourado, tentei me manter calma liguei para Hélio avisando do acontecido e depois para Doula Eliane que disse que iria vir até a minha casa para juntas irmos para o hospital, minha mãe preferiu chamar a Samu com medo e assim fomos para o hospital dentro da ambulância. O médico viu que minha pressão estava alta demais mas eu me sentia super bem. Chegamos no hospital subimos eu e o meu então companheiro para o CO. Passei meu plano de parto e pedimos para os médicos que a Doula nos acompanhasse para poder fazer a descrição do parto para o pai que é cego.
Fomos para pré- sala de parto quando nos informaram que eu estava com pré- Eclampsia, o aumento da pressão arterial. Aplicaram o Sulfato de Magnésio mas não me disseram os efeitos e me informaram que teriam que aplicar a Ocitocina para aumentar as contrações que foram diminuindo... durante 8 horas de trabalho de parto estava bem mas a pressão não baixava e mais Magnésio, a doula cantava, rimos e cada um segurava minha mão o que me dava tranquilidade´, mas de repente comecei a sentir muita dor de cabeça queria gritar e não conseguia, a cada hora um médico diferente entrava e fazia o toque o que era desnecessário pois o Roberth já estava na espera de sua hora e foram cinco longas horas de muita dor quando a equipe entrou correndo e me disse que meu filho já estava em sofrimento e que era a hora e tentariam de tudo para o parto normal, se não teria que fazer cesariana
Já sem controle de mim. e o medo do meu companheiro, e da doula, fomos às pressas. Sabia que era tudo ou nada, meio desorientada por causa da dor, a sala cheia de residentes olhando um momento nosso, mas assistido por muitos sem nenhuma privacidade.Na primeira tentativa fiz força mesmo sem ter sensibilidade pois não sentia mais nada... segunda tentativa e nada e na última e médica fez a epsiotomia ( corte do lado da vagina) foi quando eu senti a dor na cabeça pois era assim que meu corpo respondia, fiz força e a outra médica com os braços apertou minha barriga com tanta força que finalmente meu filho nasceu! Quando o vi me assustei, estava roxo e às pressas os médicos tiraram ele do meu peito e meus olhos o acompanharam. Quando retornou estava no colo do pai que não continha a felicidade, o entregou a mim e naquela hora eu queria ter forças para gritar, chorei e beijei finalmente meu garoto.
Nós três nos abraçamos e entre lágrimas, com ele no meu colo a certeza que eu tinha finalmente vencido o desconhecido.
Não arrependo de nada e nem pela escolha que fiz sabia que o inesperado poderia estar comigo naquele momento mas deixei nas mãos de Deus.
Fui muito criticada pela escolha que fiz, mas também tive muito apoio daqueles que acreditaram que eu era capaz.
Hoje as pessoas quando sabem que sou mãe, a primeira pergunta que fazem é como foi a cesária, quando
digo que foi Parto Normal levam um susto.
O capacitismo leva as pessoas a verem as mulheres com deficiência incapazes de exercer seus direitos e suas escolhas.
Hoje as pessoas quando sabem que sou mãe, a primeira pergunta que fazem é como foi a cesária, quando
digo que foi Parto Normal levam um susto.
O capacitismo leva as pessoas a verem as mulheres com deficiência incapazes de exercer seus direitos e suas escolhas.
Que linda história de amor.
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